Close

Login

Close

Register

Close

Lost Password

A herança da grandeza de um povo

A criação da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências (ALB) merece todo o nosso louvor, e quero, em primeiro lugar, parabenizar o cônsul- geral no Rio de Janeiro, Alejandro Bitar, por tornar possível tão marcante iniciativa.

É mais do que oportuno termos no Brasil uma instituição como essa, um país, segundo apontam pesquisas, com um grande número de descendentes dos povos árabes, principalmente libaneses e sírios. Estima-se que pelo menos 10 milhões de descendentes de libaneses vivam hoje no Brasil, mas, por causa da miscigenação e da dificuldade de encontrar registros de alguns primeiros imigrantes, é provável que esse número seja muito maior. Alguns cálculos chegam ao impressionante total de 28 milhões de árabes e descendentes compondo a diversidade étnica e cultural do nosso país.

Sempre é bom lembrar que os países da Península Ibérica estiveram, por várias centenas de anos, sob a égide dos mouros, que nos deixaram uma herança cultural incomparável, com manifestações das mais variadas formas, inclusive, no idioma, com mais de 1.200 palavras de origem árabe.

Muito antes, os fenícios criaram um alfabeto que deu origem à maior parte dos sistemas de escrita atuais. E, se hoje o Brasil tem um dos mais sofisticados sistemas bancários do mundo, cabe observar que isso não seria possível sem os fenícios, pioneiros também nesse campo, tendo criado as primeiras moedas, as letras de câmbio, entre outros. Foram eles que legaram aos ibéricos a experiência da arte náutica, dominando a navegação e o Mar Mediterrâneo, 1.500 anos antes de Cristo. Uma herança que está na base da conquista do Novo Mundo.

Como disse anteriormente, isso mostra quão inteligente e oportuna foi a decisão do cônsul Alejandro.

A vinda de sírios e libaneses, que outrora faziam um único país, para o Brasil ajudou a moldar o grande país que somos hoje. Lembro que o grande estadista e segundo imperador D. Pedro II falava fluentemente o árabe, visitou o Egito e o Líbano e lá pediu que viessem libaneses para o Brasil, para desenvolver o comércio e a atividade econômica de um modo geral e a navegação, no que foi atendido de imediato.

Sempre gosto de observar que um simples passeio pelas áreas centrais das grandes cidades do Brasil, ou até mesmo em um sem-número de pequenas cidades, revela estabelecimentos comerciais erguidos por esses homens e mulheres que, longe de sua terra natal, se dedicaram ao novo lar como se fosse o seu Líbano.

Os comerciantes libaneses foram grandes desbravadores do interior do Brasil. Os chamados “mascates” ou “caixeiros-viajantes”, que em sua maioria se tornaram comerciantes prósperos nas suas localidades, carregavam, em suas caixas, pentes, espelhos, perfumes, imagens religiosas. Muitas cidades tiveram seu desenvolvimento econômico atrelado ao das famílias que vieram do Líbano para prosperar em terras brasileiras.

Esse legado frutificou, e os pioneiros e seus descendentes contribuíram e seguem contribuindo, de forma decisiva, para ajudar a moldar um país de características ímpares. E em todos os campos: nas letras, na ciência, na música, na política, na gastronomia, em praticamente todos os setores.

Os descendentes desses povos se sentem honrados de os seus antepassados terem cumprido com dignidade a missão e o deferimento que o imperador Pedro II lhes outorgou. Sendo neto de uma libanesa, nascida em Beirute, mais do que gratidão, sinto orgulho das relevantes contribuições dos imigrantes libaneses para o desenvolvimento de todo o mundo, com a incansável vocação para o trabalho que tornou o Líbano amado por tantos povos. E me sinto honrado de presidir a primeira academia libanesa voltada às Letras, Artes e Ciências no mundo, aí incluído o próprio Líbano.

Vamos em frente, que o Brasil é libanês, e o Líbano é brasileiro.

Presidente da Academia Líbano-Brasileira; é empresário, professor e escritor. Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC); membro da Academia Líbano-Brasileira, cadeira N° 02.

1 Comment

  1. Com muito orgulho sou filho de libanês, meus pais imigraram para o Brasil nas primeiras levas . Muito boa esta realização Parabéns Sou de São Paulo Capital temos muito que contar.

    Responda

Deixe seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Obrigado por enviar seu comentário!

Compartilhe

Dê o seu like!

0

Categorias

Próximos eventos