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Entrevista com Evandro Mesquita

Evandro Nahid de Mesquita é um cantor, compositor e ator, conhecido por ser o vocalista da banda de rock Blitz e pelos diversos trabalhos no cinema e na televisão, incluindo o mecânico Paulo “Paulão” Wilson na série A Grande Família entre 2006 e 2014. Iniciou seu trabalho no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, nos anos 1970. Posteriormente, fez grande sucesso no início da década de 1980, como líder e vocalista da Blitz, uma das bandas de rock mais populares da época. Cantor e compositor, seguiu carreira solo depois do fim da primeira formação, por volta de 1986, trabalhando como músico e ator. Lançou diversos discos solo, e participou de telenovelas e filmes, em geral fazendo o papel do típico carioca: surfista, esperto, charmoso, paquerador e malandro. Atualmente, trabalha como produtor, diretor e roteirista de filmes, peças e discos. É filho da saudosa Professora Samira Nahid Mesquita, que é patrona da cadeira 34 da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências.

*Resume para nós os anos 80.

– Nos anos 80, ainda vivíamos na sombra de uma ditadura, mas a minha geração se recusava aceitar essa situação. E por meio da arte, do teatro, da poesia, das músicas, a gente tentava falar sobre tudo, para nossa geração. E participar ativamente da vida cultural do nosso país, mesmo que no underground. P- O que representa o Líbano para você? Representa as memórias do meu passado, a história da minha mãe, da minha avó, da minha tia Munira, de 95 anos, que relembra, sempre emocionada histórias de amor, de luta, de alegria e celebração. Histórias de uma família de imigrantes, fugindo da guerra, de opressão política, com garra, esperança e muito amor para reconstruir a vida em um país distante. Me lembro muito dos almoços de domingo, das festas, do carinho e do amor que sempre existiu nessa ligação entre nós. É a minha base.

* Você disse que o máximo que chegou ao Líbano foi nos bailes de carnaval do Clube Monte Líbano. Por que nunca foi ao Líbano? Não teve curiosidade?

Tinha um pouco de medo do Líbano, pelas histórias de fuga da minha família. Não me seduzia, na juventude… sentia que tinha muito para descobrir no meu país. Durante muito tempo, o Líbano ficou nesse lugar distante, cheio de mistérios, que aguçavam de longe, minha curiosidade. Mas também, de alguma forma, sempre estive próximo, celebrando os costumes e as carinhosas lembranças.

* Como foi a relação com a tua mãe, Samira? E com o teu pai?

Com meu pai, convivi apenas 18 anos. 18 anos de vários exemplos e muito amor. São referências fundamentais na minha vida. Meu pai era espírita, vegetariano, fazia yoga, judô, agronomia, muito ligado à natureza e aos animais. Fazia macrobiótica, antes de virar moda nos anos 70. Era músico, tocava violão clássico. E tinha um humor muito especial.

Minha mãe, como acho que todo filho acha… era melhor e maior mãe do mundo! Linda, amorosa, gentil com todos, guerreira, talentosa.
Acolhia a todos, alunos, professores, funcionários. Foi uma das fundadoras do colégio André Maurois, com as professoras Henriete Amado e Circe Vital. Foi a primeira mulher Decana de Letras da UFRJ, e de tão querida foi homenageada com uma pracinha com seu nome, em frente ao campus da universidade! Alegre e bem-humorada, mesmo durante o agressivo tratamento do câncer que enfrentou.

Nos apresentou Monteiro Lobato, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, Oswald de Andrade… o humor das crônicas de Fernando Sabino, Millôr Fernandes, Sérgio Porto. A literatura de Cordel, os cantadores, Ascenso Ferreira, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Noel Rosa, Adoniran, Nara Leão, Elis, Amália Rodrigues (ela adorava e cantava muito bem fados), entre outras maravilhas.

Meu pai era mais do lado instrumental, e tinha discos de Dilermando Reis, Jacó do Bandolim, Baden Powell, Bach, Mozart. Meu pai tinha um professor de violão clássico, que começou também a me dar aulas, mas já na quarta aula eu pedi para ele me ensinar uma do Roberto Carlos e Beatles, que era mais fácil.

Eles me deram base para que eu voasse com minhas asas. Pelo menos minha mãe, foi testemunha e fã das minhas peças e dos primeiros sucessos da Blitz. Ela também me ajudou a redigir uma carta para a censora Solange que tinha censurado algumas músicas minhas na Blitz. E conseguimos a liberação de Beth Frígida. Minha mãe era a maior mãe do mundo! Que sorte!

* Tem filhos? O que eles fazem?

Tenho duas filhas, Manuela de 34 e Alice de 16 anos. A Manuela é artista, formada em jornalismo. Cresceu nos bastidores de diversas produções e sempre admirou essas múltiplas possibilidades. Trabalha no cinema, no teatro, Tv e rádio. Estudou interpretação, balé clássico e circo. Batia texto comigo, e hoje, seguimos fazendo alguns projetos juntos. Participou de gravações e shows com a Blitz. Me ajuda a escrever e organizar roteiros de séries e filmes que eu tenho escrito. Recentemente, dirigiu meu primeiro programa de rádio.

Alice ainda estuda e começa a descobrir o mundo. Canta, toca e compõe muito bem! Tem um bom gosto especial para música e quer estudar fora (aí, meu Deus). Mas eles foram feitos para voar e que voem alto.

* Qual o seu grupo de rock preferido?

Gosto de música boa!!! E de qualquer gênero. Samba, rock, reggae, xote, jazz, clássica… Música boa não tem fronteira e nem prazo de validade! De Beatles a Novos Baianos, Stones, Mutantes, Bob Marley, Luiz Gonzaga, Led Zeppelin, Ravi Shankar e sua filha Norah Jones, Dylan, Caetano, Roberto e Erasmo, Noel, Gil, etc. Não consigo escolher um estilo ou uma banda ou um cantor.

* Quais são os seus planos futuros?

Durante a pandemia gravamos cinco álbuns: “Blitz Hits” (com os sucessos da banda e a tecnologia de hoje); “Lado Blitz” (de músicas “lado B”, que não tiveram tanta exposição, mas que a gente adora!); “Blitz Super Novas”, (de inéditas); Blitz “Nudusoutrus”, (Interpretações da Blitz de músicas de outros compositores, como Roberto e Erasmo, Gil , Belchior, Paulo Diniz, Zé Keti entre outros. E seguimos nesses 41 anos de estrada agora com a “Turnê Sem Fim”.

Equipe da Revista e do Blog

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