Close

Login

Close

Register

Close

Lost Password

Maroun Bagdadi: Uma vida entre o cinema e a guerra

Maroun Bagdadi (1950-1993) foi um dos principais cineastas libaneses e fez parte da geração da “decepção e dos sonhos”; uma geração que construiu a lenda de Beirute para depois descobrir a destruição das lendas no meio das guerras, das loucuras e dos fracassos. A câmara de Bagdadi registrou esse período de muito perto, onde sua vida era o espelho de uma geração de estudantes dos anos 60 que se comprometeu numa aventura de mudanças com seus desvios e todos seus dramas.

Maroun Bagdadi nasceu em Beirute em 1950, fez curso de Direito e ciências políticas na Universidade de Saint Joseph, quando entrou em contato com o movimento estudantil que era um dos pilares da vida política do Líbano da época. Dalí nasceu a sua relação com a esquerda libanesa e a resistência palestina. Bagdadi acabou produzindo documentos e pensamentos que falavam da revolução contra a ordem sectária assumida como segmento da infraestrutura capitalista mais vasta. Eram concepções em discursos comoventes e afáveis. Durante seus estudos, Bagdadi trabalhou na imprensa, onde publicou artigos nos jornais “Le Jour” e no “LOrient Le Jour”.

Após terminar a faculdade, Maroun parte para a França a fim de estudar ciências políticas na Sorbonne, mas termina fazendo cinema na IDHEC, em Paris. Em 1973, Bagdadi volta ao Líbano e começa a trabalhar na Télé-Liban, fazendo a sua primeira produção para a televisão, um programa educacional chamado 7½. Em 1975, na véspera da guerra civil, ele dirige seu primeiro longa-metragem “Beyrouth Ya Beyrouth”.

Durante a guerra civil, Bagdadi faz muitos filmes-documentários que são arquivos da guerra libanesa em suas diversas fases. Em 1981, ele produz seu 2º longa metragem, “Pequenas Guerras”, na véspera do cerco a Beirute, em 1982. Já no ano de 1984, Maroun volta a morar em Paris, quando finaliza seis filmes, sendo três deles para a televisão. Bagdadi se casa com Soraya Khoury e tem três filhos: Charif, Nayla e Kamel, que nasceu após a morte de Maroun.

Houroub Saghira (Pequenas Guerras – tr livre) foi exibido no Festival de Cannes de 1982, com o comentário de um importante crítico de cinema que disse: “Fazer um filme sobre Beirute que evita polêmicas por questões mais universais e humanas é uma conquista.” Há alguns que analisam cronologicamente os filmes de Bagdadi como sendo a demonstração de como a Guerra Civil resultou numa queda gradual para a desumanização em geral, e cada vez mais ameaça à masculinidade em particular.

Em tempo: foi nesse filme que o ganhador do Oscar de melhor trilha sonora, o libanês Gabriel Yared, compôs a sua primeira trilha sonora para um longa metragem.

A filmografia de Bagdadi está circunscrita a 15 títulos, quais sejam: “Beyrouth, Ó Beyrouth” (1974); “Le Sud-Liban va bien…donnez-nous de vos nouvelles La majorité silencieuse – Kafarkala” (1975); “Hommage à Kamal Joumblatt” (1977); “La plus Belle de mères- Quatre-vingt dix Mikael Naymé” (1978); “Tous pour la patrie – Histoire d´un village et d´une guerre” (1979); “Murmures – Nadia Tueni” (1980); “Petites guerres” – Achoura (1981); “On poursuit la marche” (1982); “La reconstruction de Beyrouth” (1983); “Guerre contre la guerre” (1984); “L´homme voilé/Liban, le pays du miel et de l´encens” (1987); “Marat” (1988); “Lent, lent comme les vents” (1989); “Hors la vie” (1991); “La fille de l´air” (1992).

Bagdadi ganhou o Prêmio do júri no Festival de Cinema de Cannes de 1991 por “Out of Life” (Hors La Vie), e o Prêmio de honra do júri no Documentário e Filme de Animação do Festival Internacional de Leipzig para “Koullouna Lil Watan”.

Em 1993, Baghdadi volta a Beirute para rodar o filme “Recoins”, quando morre com apenas 43 anos, depois de cair no poço de um elevador.

Em uma recente revisão do filme para o New Yorker, Richard Brody escreveu que “o único elemento de esperança do filme “Pequenas Guerras” está no cartão do título no início – a alegação e o desejo de que seja um filme não do presente, mas do passado.”

Sempre que assistimos ao filme “Pequenas Guerras”, vêm à mente coisas atuais do mundo como pandemia, guerras, conflitos e fome, mas também isso dá a certeza de que não devemos ter medo desse presente catastrófico; é onde vidas são vividas. E é também por isso que as pessoas ficam.

Prof. Samir Barghouti

advogado e empresário; é presidente da Câmara de Comércio Líbano-Brasileira do Rio Grande do Sul e membro da Academia Líbano-Brasileira, cadeira N° 05.

2 Comments

  1. Excelente abordagem!

    Responda
  2. O artigo vai além da narrativa da história do cineasta para retratar uma cultura distinta no Oriente. O que conhecem os brasileiros sobre o Líbano e a imigração, é pouco ou quase nada. Esta realidade poderá mudar com o movimento académico. Isto é fundamental.

    Responda

Deixe seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Obrigado por enviar seu comentário!

Compartilhe

Dê o seu like!

1

Categorias

Próximos eventos