De que forma uma sociedade tão antiga pode ainda persistir em inovação?
A cultura da inovação passou a estar em evidência em todo mundo, principalmente, através dos avanços oferecidos pela tecnologia digital. A agilidade dos serviços, somada às inúmeras facilidades oferecidas por aplicativos e sistemas de computação foram rapidamente incorporadas ao dia a dia de praticamente todas as pessoas, inclusive, daqueles que cresceram e se desenvolveram em tempos passados, quando não havia computadores, Internet, celulares, smartphones.
A última década foi marcada pelo desenvolvimento de aplicações em caráter disruptivo, por realizar a quebra de modelos e paradigmas na prestação de serviços, como, por exemplo: WhatsApp; UBER; Redes Sociais; Airbnb; iFood; Netflix, Spotify e até as criptomoedas.
Entretanto, não esqueçamos que, na história das civilizações, os fenícios tiveram extrema importância no desenvolvimento tecnológico da época. Detinham notório conhecimento em navegação, comércio, construção de portos, que viabilizou, também, a urbanização de cidades. Foi aproximadamente no Século XII a.C. que vieram a inovar de forma mais marcante, através da invenção de um dos primeiros alfabetos, o que garantiu a comunicação de forma mais efetiva, a adaptabilidade para línguas diferentes, a facilidade de difusão.
A história de um povo, e suas tradições são determinantes para que haja uma cultura de inovação, pois nutrem o espírito empreendedor, fecundado pelo conhecimento multicultural de uma sociedade originada há 3.500 anos. As influências estrangeiras, também contribuíram, de certa forma, para a formação do povo.
Para que haja inovação, é necessário ter coragem, curiosidade, flexibilidade, visão e resiliência. A história do Líbano revela essas características de seu povo.
É possível citar alguns nomes marcantes de libaneses que se destacaram por serem inovadores: Carlos Ghosn, ex-CEO da Nissan e Renault, conhecido por sua liderança inovadora na indústria automobilística; Nassim Nicholas Taleb, autor e acadêmico famoso por suas ideias inovadoras em finanças e teoria do risco, especialmente seu livro “The Black Swan”; Rana el Kaliouby, cientista da computação conhecida por seu trabalho pioneiro em inteligência emocional artificial e co-fundadora da Affectiva; Philippe Jabre, um renomado gestor de fundos de hedge conhecido por sua abordagem inovadora nos mercados financeiros; Salim Sfeir, empresário e CEO do Banco Libano-Frances, que tem sido ativo em promover a inovação no setor financeiro do Líbano.
O governo libanês tem incentivado a criação de startups. O cluster de inovação, BDD – Beirut Digital District, é um exemplo de uma dessas iniciativas. Mesmo que o país tenha sofrido crises financeiras, e a saída de diversos talentos do país em busca de outras oportunidades no exterior, persiste a intenção em inovar.
Certo é que as dificuldades encontradas sempre se tornam motivos para demonstrar a incansável e admirável resiliência do capital humano envolvido, como se tem demonstrado na história do Líbano e está presente na cultura libanesa, transmitida de geração a geração, atingido todos os frutos da diáspora espalhados pelo mundo.
Enfim, a própria libanidade pode ser a resposta à questão inicial. Se não nos reinventássemos constantemente, talvez não tivéssemos nunca reconstruído incessantemente a Nação, nem mantido acesa a chama de nossa identidade cultural. Tudo seria soprado ao vento, e abandonado no esquecimento.
12 Comments
Gostei muito.
Gostaria de receber outras postagens como essa .
Obrigado, Radiá!
Podes ter acesso constante ao site da Revista Libanus e conferir o conteúdo do blog, que está sempre em renovação, e os artigos da Revista.
https://academialibanobrasil.com.br/revista-libanus/
Um belo “passeio” por nossa ancestralidade e um futuro de “não cair no esquecimento”!
Parabéns!
Obrigado, cara Alice!
Sempre nos reinventamos para evoluirmos e, assim, mantermos nossas memórias e tradições vivas na atualidade!
Parabéns por esta postagem.
Muito obrigado, Roberto!
Fico feliz em teres apreciado.
Excelente matéria!
Caro Luciano, agradeço por teres lido e gostado do texto.
Sempre há novidades no Blog e na Revista, pois precisamos arar sempre vivos para preservar o nosso maior legado.
Muito obrigado!
Excelente matéria!
Adorei o texto. Nos abre os olhos para o que há. Os antigos abertos para o novo é a maior prova de que o conhecimento e a inovação são circulares e precisam girar. Parabéns, Tiago!
Estimado Tiago Eid Melo,
Agradecemos o seu belíssimo artigo intitulado Inovação e Ancestralidade que, ao tratar da história do Líbano, revela as características dos libaneses, tais como, coragem, curiosidade, flexibilidade , visão e resiliência.
O Líbano, localizado na região do Crescente Fértil, é um dos berços da civilização, abrigou vários reinos pequenos que foram conquistados sucessivamente por potências externas. Um país de sete mil anos cuja capital , Beirute, já foi reconstruída mais de sete vezes e é considerada a cidade que insiste em não desaparecer. É a fênix que renasce das cinzas!
Sim, a história dos nossos ancestrais demonstra que os libaneses são resilientes, são inovadores, e que apesar de todas as adversidades e dificuldades continuam criando e recriando esperança.
Abraços fraternais,
Cristina Ayoub Riche
Pena que o Líbano não reconheça a cidadania dos descendentes de libaneses pelo lado materno. Minha avó materna nasceu em Bsharre, da família Gibran. Nos ensinou a amar o Líbano e a cultivar a obra de nosso parente de sangue, o grande Gibran Khalil Gibran. No entanto, nós é negada a cidadania libanesa. Não consigo entender isso.