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Antônio Abujamra – “A vida é a saudade que fica”

Há 92 anos nascia o guardião das provocações, Antônio Abujamra, e esta é uma grande oportunidade de, mais uma vez, homenageá-lo.

Conhecido por suas memoráveis declamações de poemas famosos, sua singularidade, sua irreverência impecável e um senso de humor ácido e crítico que lhe rendeu o apelido de “Provocador”, Antônio Abujamra,  foi um dos maiores nomes do teatro brasileiro.

Ele era o único diretor teatral,  de sua geração, que não tinha uma biografia ou livro dedicado à sua obra.

Abu, como os amigos carinhosamente chamam o nosso homenageado, é de ascendência sírio-libanesa. O pai, Iskander Abu-Jamra, é descendente de sírios e a mãe, Nazira, é libanesa. Dessa  união nasce, na cidade de Ourinhos, em São Paulo, no ano de 1932, um dos  homens mais inteligentes e argutos de sua geração.

Abujamra mudou-se ainda jovem para Porto Alegre, onde passou sua juventude.

Formou-se em Filosofia e Jornalismo pela PUC-RS, em 1957, e foi, nesta ocasião, que iniciou sua trajetória como crítico teatral.

“Abu “ foi um dos pioneiros a explorar os métodos de Bertolt Brecht e Roger Planchon, desenvolvendo o teatro épico, inspirado nas antigas tragédias gregas.

Sua estreia como diretor aconteceu, em 1961, após um período de estudos na Europa, no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, com a peça Raízes, de Arnold Wesker. No mesmo ano, dirigiu José, do parto à sepultura, de Augusto Boal, no icônico Teatro Oficina.

Em 1968, Abujamra iniciou sua carreira televisiva na TV Tupi, onde dirigiu o filme O Estranho Mundo de Zé do Caixão.

Durante sua passagem pela emissora, até 1979, foi responsável pela direção de novelas como Nenhum Homem é Deus, Salário Mínimo, e Gaivotas. Na sequência, atuou na TV Bandeirantes e SBT, onde dirigiu novelas como Os Ossos do Barão. Como ator, ganhou destaque no papel de Ravengar, na novela Que Rei Sou Eu?, da TV Globo, em 1989.

Seu maior legado na televisão, no entanto, veio com o programa Provocações, da TV Cultura, criado e apresentado por ele. O programa se destacou por entrevistas profundas e instigantes, onde Abujamra desafiava os entrevistados com questões provocativas e filosóficas. Uma de suas marcas registradas era a pergunta final: “O que é a vida?”.

Antônio Abujamra faleceu, em 2015, aos 82 anos, deixando um legado como diretor, ator, pensador, tradutor e iluminador. Ele também deixou uma família de grandes artistas, como seus filhos Alexandre e o músico André Abujamra, além dos sobrinhos Samir Abujamra, Clarisse Abujamra e Iara Jamra.

Para a comunidade de origem libanesa, no Brasil, Antônio Abujamra foi um verdadeiro humanista, um farol que continua a iluminar a todos nós com sua arte e sabedoria.

Antônio Abujamra é o patrono da cadeira 29 da Academia Líbano-Brasileira de Letras, ocupada atualmente pelo maestro Tim Rescala.

“O que é a morte, Abu, o que é a morte?”

fotos: © EBC/Carlos-Cedoc Funarte/OGlobo/pinterest
Cristina Ayoub Riche é professora, mestre, doutora e ex-ouvidora-geral da UFRJ; Samir Barghouti é bacharel em Direito e MBA em gestão e marketing. São membros da Academia Líbano-Brasileira, cadeiras N° 33 e N° 05, respectivamente.

1 Comment

  1. Merecida homenagem e ótimo texto.

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