O filme entra em cartaz nesta quinta, dia 21 de novembro, nos cinemas do circuito Estação, Rio de Janeiro.
Sinopse:
Líbano, 1949. O país enfrenta uma guerra iminente. Dois irmãos católicos, Emilie e Emir, embarcam em uma viagem rumo ao Brasil em busca de dias melhores. Durante a jornada, Emilie se apaixona por um comerciante muçulmano, Omar. Emir sofre de um ciúme incontrolável e usará suas diferenças religiosas para separá-los. Antes de chegar ao destino final, durante uma briga com Omar, Emir é gravemente ferido em um acidente com arma de fogo. A única opção de Emilie é descer em uma aldeia indígena no meio da selva para encontrar um curandeiro que o salve. Quando seu irmão se recupera, eles seguem para Manaus, onde Emilie toma uma decisão que levará a consequências trágicas. Retrato de um certo Oriente é um filme sobre memória, paixão e preconceito, que revela a saga dos imigrantes libaneses na Floresta Amazônica.
Nota do diretor:
Retrato de um certo Oriente é um filme sobre paixão e preconceito ambientado durante uma viagem de barco à Floresta Amazônica brasileira logo após a Segunda Guerra Mundial. Neste filme, como em outros que dirigi, sou fascinado pela ideia de explorar o conceito de “alteridade”. Acredito que a única maneira de desconstruir preconceitos é ver o mundo através dos olhos dos outros. Eu ousaria dizer que este é, talvez, o único antídoto para combater o fanatismo.
Meu primeiro filme, Cinema, Aspirinas e Urubus, foi um road movie pelo sertão brasileiro, visto pela perspectiva de um homem alemão que fugiu de seu país para evitar lutar na Segunda Guerra Mundial. A capacidade de um indivíduo de construir uma vida nova longe de sua cultura e tradições sempre me intrigou. Retrato de um certo Oriente foi inspirado pelo desejo de explorar sentimentos românticos e amores proibidos entre jovens imigrantes libaneses, assim como a necessidade de entender suas barreiras culturais. A obra aprofunda como diferenças religiosas podem ser frequentemente usadas como arma para disfarçar ciúmes ou competição. Os protagonistas cruzam o Atlântico em busca de um futuro melhor e devem confrontar suas paixões mais íntimas. Uma vez desviados de seu destino final e passando várias semanas com uma comunidade indígena na floresta, fica mais evidente do que nunca que qualquer preconceito religioso está deslocado. Imigrantes libaneses chegaram a todos os cantos do Brasil durante o século XX, mas a singularidade do livro de Milton Hatoum, que retrata a história de seus pais e avós, ilustra como esses imigrantes combinaram o estilo de vida amazônico nativo com suas tradições árabes.
Meu desejo era capturar a vitalidade dos jovens imigrantes com uma câmera íntima. Ao lado do diretor de fotografia Pierre de Kerchove, acentuamos as diferenças de luz entre a Floresta Amazônica e o Oriente Médio, explorando como essas diferenças se refletiam na mentalidade dos personagens. Decidimos filmar em preto e branco para trazer uma aura de mistério ao filme e à Floresta Amazônica, retratando aquela imensidão verde em tons de cinza. Além disso, a fotografia em preto e branco é um elemento-chave na narrativa, pois as fotografias são objetos que evocam memórias de dias melhores, despertam esperança e oferecem uma possibilidade de cura para as feridas do passado.
Elenco:
Wafa’a Celine Halawi como Emilie:
Wafa’a é uma atriz, escritora e cineasta libanesa. Ela descobriu sua paixão pela atuação aos 5 anos, em meio a uma infância nômade. Encontrando consolo no teatro, ela ingressou na companhia de dança-teatro Maqamat do Líbano em 2001, se apresentando globalmente. Com um bacharelado em Artes da Comunicação pela LAU, ela buscou um mestrado em Cinema na University College London e um diploma em Cinema na New York Film Academy. Dirigindo diversos curtas-metragens e filmes de dança, recebeu aclamação, incluindo prêmios internacionais de roteiro por Cello. Atualmente, Wafa’a estrela no novo longa-metragem de Marcelo Gomes, Retrato de um certo Oriente. Seus papéis recentes incluem filmes libaneses como Morine (Tony Farjallah), A Petty Bourgeois Dream (Mazen Khaled) e In the Name of Tomorrow (Celine Abiad). Ela também protagoniza a co-produção germano-libanesa Lilacs (Festival de Cinema de Berlim). Aparições de destaque na TV incluem Aroos Beirut (MBC) e Karma (MTV). Além de lecionar cinema na LAU de 2008 a 2018, Wafa’a dirige o Festival de Cinema Libanês desde 2015.
Zakaria Kaakour como Emir:
Zakaria é um ator libanês de teatro, televisão e cinema. Ele estudou Teatro na Lebanese University, com um workshop intensivo no Stella Adler Studio of Acting, em Los Angeles. Durante seus anos de graduação, ele participou de produções das peças “This Is Our Youth” de Kenneth Lonergan, “The Good Doctor” de Neil Simon e”Um Pedido de Casamento” de Tchekov, sob a direção de seus professores. Perhaps Today (2017) foi sua primeira experiência diante das câmeras, o que posteriormente lhe rendeu papéis em Cafe el Hay (2019) de Julien Maalouf e The Role – Dor El Omor (2021), dirigido por Said I Marouk. Retrato de um certo Oriente é seu primeiro longa-metragem.
Charbel Kamel como Omar:
Charbel Kamel é um ator, diretor e arteterapeuta libanês. Ele cursou uma graduação em Audiovisual, seguida por uma graduação em Psicologia e, finalmente, combinando ambos os campos de estudo, obteve um mestrado em Arteterapia em Paris. Como ator, ele participou de
campanhas publicitárias e trabalhos como Rue Huvelin (2011), Scènes de Ménage (2016), Chronic (2017), Awake (2019) e O Céu de Alice (2021). Mais recentemente, deu vida ao personagem Rayan em Manity (2023), e agora Charbel estrela no novo longa-metragem de Marcelo Gomes, Retrato de um certo Oriente.
Eros Galbiati como Dorner:
Eros é um ator, diretor e produtor italiano. Ele é ex-aluno do programa DAMS na Universidade de Roma Tre. Eros ganhou destaque com o lançamento do filme Notte Prima degli Esami em 2006. Desde então, ele tem sido uma presença notável em vários filmes, como Tutto L’amore del Mondo (2010), Mia Madre (2010), Poker Generation (2012), Non Uccidere (2015), e 1992 (2015) e suas sequências, uma produção da Sky Atlantic distribuída pela Netflix. Ele também participou da produção executiva do documentário Il Clan del Ricciai (2018). Mais recentemente, esteve envolvido em programas de televisão como Ripley de Steven Zillian, Antonia de Chiara Malta, e o filme Volare de Margherita Buy, como ator e produtor associado.
Rosa Peixoto como Anastácia:
Nascida em Iauaretê, próxima ao Rio Uaupés no Amazonas, Rosa Peixoto (Róri Pa’kó, seu nome indígena) provém de uma família de artistas e iniciou sua jornada artística em 2009, trabalhando como atriz e fazendo parte do grupo de artes indígenas Dyroá Báya. Rosa adentrou o mundo do cinema, contribuindo para filmes como Uayná – Lágrimas de Veneno (2009) e A Terra Negra dos Kawa (2018), além de produções teatrais como “O Guerreiro e o Curupira” (2021) e “Yepârio e Saberes “(2021). Ela também participou da série da Netflix Cidade Invisível (2022), de Luis Carone, no papel de Jaciara. Destacadamente, fez parte do elenco de A Febre (2019), de Maya Da-Rin, que recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais.
Biografia do diretor:
Marcelo Gomes é um roteirista e diretor nascido em Recife, onde fundou um cineclube. Formado em Jornalismo, ele recebeu uma bolsa do British Council para seguir seus estudos com uma pós-graduação em Cinema na Universidade de Bristol. Seu filme de estreia, Cinema, Aspirinas e Urubus, foi exibido em Cannes (Un Certain Regard) em 2005 e recebeu o Prêmio da Educação Nacional da França. Seu longa Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, que ele co-dirigiu com Karim Aïnouz, estreou em Veneza (Orizzonti) em 2009. Sua cinebiografia histórica Joaquim foi selecionada em 2017 para a Competição da Berlinale. Seu documentário Estou me Guardando pra Quando o Carnaval Chegar foi lançado na Berlinale em 2019, foi selecionado para o programa Masters do IDFA (International Documentary Film Festival of Amsterdam) e venceu o Prêmio Especial do Júri no 17º Seoul Eco Film Festival em 2020. Seu longa Paloma teve sua estreia no Festival Internacional de Munique e recebeu vários prêmios ao redor do mundo, entre eles Melhor Filme e Melhor Atriz no Festival do Rio em 2022. Retrato de um certo Oriente, seu filme mais recente, será lançado em 2024.
Produção: Matizar Filmes
A Matizar Filmes foi criada em 2004, com o objetivo de produzir cinema e televisão sobre temas de relevância ao Brasil, unindo alta qualidade técnica e artística. Recentemente, a produtora lançou o longa Retrato de um Certo Oriente (IFFR), de Marcelo Gomes, e está em pósprodução do longa Neuros, de Guilherme Coelho. A Matizar também é produtora associada do longa MOTEL DESTINO (Festival de Cannes), de Karin Aïnouz. Em 2020, produziu o curta Fotos Privadas, de Marcelo Grabowsky, e o documentário Luz Acesa, de Guilherme Coelho. Em 2018, produziu O Chalé é uma Ilha Batida de Vento e Chuva, de Letícia Simões (Cinelatino Toulouse). Em 2015, lançou Órfãos do Eldorado, de Guilherme Coelho (Festival de Varsóvia e Festival de Chicago). Em 2012, realizou o documentário Bruta Aventura em Versos, de Letícia Simões (Festival do Rio e Mostra de Cinema de São Paulo). De 2006 a 2011, a Matizar Filmes produziu a série de documentários Retratos Contemporâneos da Arte, composta por Um Domingo com Frederico Morais (2011), de Guilherme Coelho; 5+5+ (2010), de Rodrigo Lamounier; Cildo (2009), de Gustavo Rosa de Moura; e Fernando Lemos, Atrás da Imagem (2006), de Guilherme Coelho. Em 2007, produziu o documentário PQD, de Guilherme Coelho. E em 2003, produziu o documentário Fala Tu, também de Guilherme Coelho (Berlinale; melhor diretor e melhor filme do público no Festival do Rio). A produtora também produziu os filmes Jogo de Cena (2007) e Moscou (2009), do renomado documentarista Eduardo Coutinho.
2 Comments
Tomara que estreie logo em São Paulo. Marcelo Gomes dirigindo uma história de Milton Hatoum é garantia de cinema de alto nível.
Estou convencida que dada a obra prima literária, a sua transposicao ao cinema será excelente .