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Língua portuguesa: A contribuição dos libaneses na língua de Camões

“Se você, quando eu morrer, me fizer a biografia, de pirraça não vou lê-la!” – Frase de Manuel Said Ali Ida a Evanildo Bechara.

Ao refletirmos sobre os desafios e as sutilezas da língua portuguesa, é impossível ignorar o papel dos imigrantes libaneses e árabes, que, com sua persistência e criatividade, desbravaram as complexidades do idioma de Camões. Entre trocas fonéticas – como substituir o “P” pelo “B” – e a preferência por verbos no infinitivo (práticos e diretos, devido à pressa), os imigrantes enfrentaram com humor as dificuldades gramaticais. Esqueceram plurais, simplificaram conjugações e criaram um português próprio, ainda que repleto de peculiaridades.

Entretanto, a história guardava uma surpresa. Os filhos e descendentes desses imigrantes não apenas dominaram a língua, mas também se destacaram como seus mais apaixonados guardiões, transformando-se em expoentes da literatura, gramática e filologia.

Entre os nomes de maior destaque estão:

  • Evanildo Bechara (n. 1928, Recife): Renomado professor, gramático e filólogo, Bechara é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e amplamente reconhecido como o maior gramático vivo da língua portuguesa.
  • Antônio Houaiss (1915–1999, Rio de Janeiro): Ex-ministro da Cultura, filólogo, enciclopedista e presidente da ABL. Autor do célebre Dicionário Houaiss, uma referência essencial para a língua portuguesa.
  • Manuel Said Ali Ida (1861–1953, Petrópolis): Filho de pai turco e mãe alemã, foi um dos mais respeitados filólogos do Brasil, conhecido como o maior sintaxista da língua portuguesa.
  • Adriano da Gama Kury (1924–2012, Acre): Gramático, professor e pesquisador da Fundação Casa Rui Barbosa, destacou-se por suas contribuições à normatividade da língua.
  • Antônio José Chediak (1916–2007, Três Corações): Lexicógrafo, membro da Academia Brasileira de Filosofia e coordenador do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da ABL.

A Academia Brasileira de Letras também conta com ilustres acadêmicos de origem libanesa e árabe, como:

  • Evanildo Bechara (Cadeira nº 33), e também membro de honra da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências;
  • Carlos Nejar (Cadeira nº 4), membro pleno e presidente de honra da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências;
  • Edmar Bacha (Cadeira nº 40), economista e escritor, membro pleno da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências;

Para finalizar, uma anedota ilustra bem o humor libanês aliado ao domínio do português: quando soube que uma amiga havia batizado a filha de Máslova, o professor Adriano da Gama Kury, surpreso com o nome raro e russo, exclamou com bom humor: “Proparoxítono danado!”

Os libaneses e árabes, através de seus descendentes, com sua determinação e engenhosidade, deixaram um legado inestimável na língua portuguesa – uma contribuição que transcende gerações e barreiras culturais.

© Revista Libanus

fotos: nandinho/pinterest
 
Evanildo Bechara
Antônio Houaiss
Manuel Said Ali Ida
Antônio José Chediak
Adriano da Gama Kury
Equipe da Revista e do Blog

2 Comments

  1. Gostaria de saber e receber a revista Libanus. Sou libanês, vim criança para o Brasil, sou médico. Feliz por essa contribuição a língua portuguesa.
    Atenciosamente.
    Bassam Moussallem

    Responda
    • Caro Sr. Bassam. Obrigado pelas gentis palavras. A revista Libanus está inicialmente na sua edição eletrônica. Eventualmente, quando fizermos uma versão em papel lhe enviaremos. Até lá, segue-nos pelo link: revistalibanus.com.br

      Responda

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