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A Evolução do Comércio: Das ‘Dekkenes’ ao E-Commerce Global

Jeff Bezos, fundador da Amazon, uma das maiores empresas de e-commerce do mundo, tem uma frase que ilustra perfeitamente o impacto das plataformas digitais no comércio: “Se você deixar os clientes insatisfeitos no mundo real, eles vão contar para 6 amigos. Mas se você fizer a mesma coisa no mundo digital, cada um deles vai contar para 6 mil contatos.” Com isso, Bezos sintetiza a natureza do e-commerce no mundo contemporâneo, onde a experiência de compra não é apenas uma transação, mas também um reflexo da reputação e confiança construídas online.

Nos tempos atuais, a vida digital se intensificou em todos os aspectos, e o comércio não ficou de fora. Praticamente todos nós, de diferentes idades e perfis, nos vemos realizando compras online, e esse processo se tornou cada vez mais natural e integrado à nossa rotina. O ato de adquirir um produto ou serviço nunca foi tão acessível: a loja está à distância de um clique, 24 horas por dia, sete dias por semana, sem a necessidade de sair de casa, muitas vezes, sem sair do conforto do sofá. A conveniência é um dos maiores atrativos dessa nova forma de consumir, mas o que poucos sabem é que a história do e-commerce é muito mais antiga e interessante do que muitos imaginam.

A História do E-Commerce

Tudo começou em 1979, quando o executivo Michael Aldrich, inovador do seu tempo, criou um sistema revolucionário que possibilitava a realização de compras online através de uma televisão modificada, chamada Videotex. Mais tarde, esse sistema foi popularmente conhecido como “teleshopping”. Com a criação desse protótipo, Aldrich foi um dos pioneiros da ideia de levar as compras para dentro das casas das pessoas, antecipando, de certa forma, a revolução digital que ocorreria nas décadas seguintes.

O marco histórico desse processo aconteceu em 1984, quando a britânica Jane Snowball, de 74 anos, se tornou a primeira pessoa do mundo a realizar uma compra online, utilizando o Videotex para pedir margarina, ovos e cereal matinal a um supermercado local. As compras foram entregues diretamente em sua casa, e o pagamento foi feito de forma tradicional, em dinheiro. Essa experiência simbólica representou o nascimento de uma nova forma de interação entre consumidores e comerciantes.

Em 1992, surgiu o primeiro website comercial dedicado à venda de livros online, que se tornaria uma das maiores plataformas de e-commerce do mundo: a Amazon. Processando pagamentos via cartão de crédito, a Amazon começou a mudar radicalmente o mercado de livros e produtos diversos. Em 1995, a Amazon foi oficialmente fundada, e logo em seguida, outras grandes plataformas como o eBay e, em 1999, o Alibaba surgiram, consolidando a era do e-commerce. O que esses pioneiros do comércio digital criaram não foi apenas um canal de vendas, mas um novo paradigma no relacionamento entre marcas e consumidores, onde as lojas deixaram de ser locais físicos e se transformaram em espaços virtuais acessíveis a qualquer hora e em qualquer lugar.

O Impacto Global do E-Commerce

O e-commerce moderno transformou a maneira como compramos, e essa mudança foi mais do que uma simples adaptação de tecnologia. Ela significou uma revolução nas possibilidades do consumo: enquanto antes, um consumidor estava restrito ao comércio físico de sua cidade ou região, com a chegada da internet, as opções de compra se multiplicaram exponencialmente. Agora, qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, poderia comprar e vender produtos com um alcance global, impulsionando um verdadeiro boom no comércio eletrônico.

E não são apenas produtos materiais que passaram a ser adquiridos online. O e-commerce expandiu-se para outras áreas, como o setor de entretenimento. Hoje, é possível comprar ingressos para cinemas, teatros, shows e espetáculos com a mesma facilidade com que adquirimos roupas, eletrônicos ou alimentos. As plataformas de venda de ingressos, como Eventbrite, Ingresso.com, Ticketmaster e Sympla, oferecem a conveniência de comprar entradas para eventos culturais e de entretenimento, como shows, peças de teatro e filmes, sem sair de casa. Esse tipo de transação online se tornou uma extensão natural da forma como consumimos outros bens, permitindo que, com apenas alguns cliques, as pessoas possam garantir sua presença em eventos de sua preferência, agregando mais conveniência ao dia a dia.

A Resistência do Comércio Tradicional: O Exemplo das “Dekkenes”

No entanto, enquanto o e-commerce crescia exponencialmente, algumas formas de comércio tradicional ainda resistiam. O comércio árabe, especialmente as pequenas lojas conhecidas como “Dekkenes” no Líbano, oferece um exemplo interessante dessa resistência. Essas lojas, muitas vezes de propriedade de famílias libanesas, eram pequenas, simples, e ficavam situadas em locais como os fundos de casas ou sobrados. As “Dekkenes” eram, na verdade, o equivalente aos tradicionais armazéns de secos e molhados, que ofereciam uma vasta gama de produtos essenciais para o dia a dia. Eram locais onde se encontrava de tudo um pouco, de alimentos frescos a utensílios domésticos, e onde, frequentemente, o dono da loja tinha um laço de amizade com os seus clientes, o que transformava o simples ato de comprar em uma experiência social e acolhedora.

Além das “Dekkenes”, outras formas de comércio tradicional também persistem, como os supermercados, shopping centers e lojas de rua. Cada um desses modelos tem suas características e ainda desempenham papéis importantes na economia, sendo que o supermercado, por exemplo, continua sendo um dos lugares mais procurados para a compra de alimentos e produtos de uso diário. Os shopping centers, por sua vez, oferecem uma experiência de compra mais completa, com uma variedade de lojas e opções de entretenimento, mantendo seu apelo ao oferecer algo além da simples aquisição de produtos.

Ainda assim, todos esses modelos de comércio tradicional, incluindo as lojas de rua, se veem desafiados pela conveniência e o alcance do e-commerce, que trouxe novas formas de interação, onde o cliente tem o poder de decidir quando e onde realizar suas compras. A competição entre os modelos de vendas digitais e físicas é uma das dinâmicas mais interessantes do comércio atual, e muitos estabelecimentos físicos têm buscado se adaptar, incorporando o e-commerce às suas estratégias de vendas.

Adaptação Digital das “Dekkenes” e do Comércio Tradicional

As “Dekkenes” não desapareceram completamente. Em vez disso, elas se reinventaram, adotando novas práticas e se adaptando ao novo contexto. Algumas passaram a fazer parte do universo digital, oferecendo seus produtos em plataformas de e-commerce ou criando seus próprios sites de vendas. Elas mantiveram o espírito acolhedor e personalizado, que sempre as caracterizou, mas passaram a aproveitar os recursos da tecnologia para alcançar um público mais amplo e continuar a atender à comunidade.

Da mesma forma, os supermercados e shopping centers também começaram a adotar soluções digitais. Muitos supermercados passaram a oferecer serviços de entrega online ou desenvolveram aplicativos para facilitar a compra de seus clientes. Shopping centers criaram plataformas virtuais onde os consumidores podem fazer compras e até agendar a retirada de seus produtos nas lojas físicas. As lojas de rua, em sua maioria, também passaram a integrar suas vendas ao digital, oferecendo seus produtos por meio de redes sociais ou marketplaces.

No setor do entretenimento, a adaptação digital também se faz presente. Além de adquirir produtos físicos, os consumidores podem agora comprar ingressos para eventos de cinema, teatro e outros espetáculos de forma online, garantindo a conveniência de evitar filas e transações físicas. O uso de plataformas de venda de ingressos online, como Eventbrite, Ingresso.com, Ticketmaster e Sympla, tornou-se essencial para acessar shows, peças e filmes, proporcionando uma experiência ágil e eficiente para o público.

O Comércio: Muito Além de uma Transação

Hoje, o comércio de pequeno porte, como as “Dekkenes”, tem sua presença digital crescente, pois o e-commerce não é apenas uma ameaça, mas também uma oportunidade para quem sabe se adaptar. O espírito das “Dekkenes”, com seu atendimento personalizado e seu vínculo com a comunidade local, ainda é uma parte essencial da experiência de compra de muitas pessoas, que preferem fazer negócios com aqueles que conhecem e confiam, mesmo que o processo de compra aconteça no mundo digital.

Seja na pequena “Dekenneh”, em uma loja de grife, em mercados ao ar livre, no supermercado, shopping center, no e-commerce ou na compra de ingressos online para cinema, teatro e espetáculos através de plataformas como Sympla, o comércio sempre foi mais do que uma simples troca de bens. Ele é, e sempre será, um reflexo dos nossos desejos, das nossas necessidades e da nossa busca por experiências mais humanas, conectadas e autênticas. O e-commerce, apesar de sua conveniência e praticidade, não elimina as relações humanas que o comércio sempre foi capaz de gerar. Ele as transforma, criando novas formas de conexão, onde, ao final das contas, cada compra representa mais do que um objeto adquirido. Ela simboliza os nossos sonhos, as nossas escolhas e, muitas vezes, a possibilidade de construir uma história, de manter laços e de estar, de alguma forma, mais perto de quem amamos.

fotos: millennial / pinterest / snowball (Jane snowball)/ pagbrasil/ irghattas/ pinterest/ immad haddad
advogado e empresário; é presidente da Câmara de Comércio Líbano-Brasileira do Rio Grande do Sul e membro da Academia Líbano-Brasileira, cadeira N° 05.

1 Comment

  1. O cenário exibe uma ruptura das práticas no comércio do ontem e o hoje. Todavia, faço uma antologia ao rádio, as Dekkenes jamais desaparecerão por constituírem atividades enraizadas na sociedade e refletirem o espírito da própria humanidade que vive convivendo.

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