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Egberto Gismonti: um brasileiro do mundo todo

Na manhã, dessa sexta-feira, 14 de março, o músico Egberto Gismonti Amin foi empossado como membro vitalício da Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências, na cadeira 36. A cerimônia, realizada no Consulado do Líbano no Rio de Janeiro, foi conduzida pelo Cônsul Geral, Dr. Alejandro Bitar, e pela Profa. Kátia Chalita, presidente em exercício da Academia. Gismonti recebeu os símbolos da Academia, incluindo o colar, diploma e roseta. 

A solenidade contou com a presença de acadêmicos, artistas e mensagens de saudação de nomes como Badi Assad e João Bosco. Reconhecido por sua contribuição à música brasileira e internacional, Gismonti foi celebrado como um dos maiores expoentes da música contemporânea. Sua posse simboliza o intercâmbio cultural entre o Brasil e o Líbano, além de reforçar o compromisso da Academia com a valorização das artes.

(Instagram: @academialibanobrasil / consuladolibanoriorj).

Após reproduzir a nota oficial emitida pelo consulado, transcrevo o texto que preparei em homenagem a Egberto. Na ocasião, ele fez duas ou três correções biográficas, em emocionante depoimento no qual ressaltou a importância da troca de informações e afetos com centenas de pessoas através da vida. Desde os familiares imigrantes da Itália e do Líbano, passando pelos habitantes da cidade natal, Carmo, no estado do Rio, e por gente de todo o Brasil e do mundo. A fala de Egberto foi gravada e posteriormente será transcrita e disponibilizada. 

Aproveito também para postar três fotos que fiz em shows de Egberto entre 1976 1980.

Egberto Gismonti: um brasileiro do mundo todo

Profundamente brasileiro e universal, Egberto Gismonti é fruto do encontro, no início do século XX, de duas famílias de imigrantes na cidade fluminense de Carmo. A mãe, Ruth Gismonti, descendente de italianos; o pai, Camilo Amin, nascido no Líbano, em 1917,  tinha 1 ano quando os pais desembarcam na Praça Mauá vindos de Beirute.

Em sua carreira como compositor e multi-instrumentista, a mistura de culturas tem sido uma constante. Influenciado pelo avô e pelo tio maternos, líderes da banda de Carmo, Egberto começou a estudar música na infância; inicialmente o piano,  por sugestão do pai (que era afinador e comerciante de piano); e em seguida, o violão, a pedido da mãe, remetendo à tradição das serenatas na terra de seus antepassados. 

Em sua formação, tiveram igual peso o estudo de composição e orquestração em Paris, quanto a posterior imersão no Xingu, convivendo com os povos originários.

Na França, teve entre seus professores a lendária Nadia Boulanger, que ensinou gente como Aaron Copland, Philip Glass, Quincy Jones, Astor Piazzolla. Além dos fundamentos da música clássica, foi aconselhado por Nadia a se aprofundar na cultura brasileira.Egberto foi fundo, e nessa jornada também podemos incluir como inspiração  a obra e as ideias de Villa Lobos, um dos inventores de uma música brasileira reconhecida mundialmente, e o escritor e múltiplo intelectual Mario de Andrade. Este, por sinal, o escolhido por Gismonti para ser o patrono de sua cadeira na Academia Líbano-Brasil de Artes, Letras e Ciências. 

No Xingu, teve o xamã Sapaim como seu informal professor de flauta indígenas e tantos fundamentos de uma cultura milenar e sábia.. Também incorporou em seu caldeirão cultural referências da música nordestina, do samba  e do choro cariocas, e o diabo a quatro. O resultado dessa miscelânea é uma música ao mesmo tempo única, pessoal e multifacetada.

A constante troca de informações com grandes músicos de diferentes locais é outra marca, incluindo o saudoso percussionista afro-pernambucano Naná Vasconcelos, com quem gravou diversos álbuns – a começar pelo hoje clássico “Dança das Cabeças” (de 1977) -; instrumentistas estadunidenses como o contrabaixista Charlie Haden, o percussionista Colin Walcot, o violonista Ralph Towner; e ainda o saxofonista norueguês Jan Garbarek; e  tantos brasileiros como os bateristas Robertinho Silva, Nenê e Zé Eduardo Nazário, os baixistas Luiz Alves e Zeca Assumpção; os saxofonistas Nivaldo Ornellas e Mauro Senise; o violonista/tecladista Nando Carneiro; o tecladista Lelo Nazário; o poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras Geraldo Carneiro; o Duo Assad (formado pelos irmãos Sérgio e Odair, que transcreveram para dois violões mais de 40 composições de Egberto); dezenas de orquestras ao redor do mundo; igual número de coreógrafos, que adaptaram para grupos de balé sua obra, ou de diretores de cinema, que o escalaram como criador de trilhas sonoras.

Um de seus primeiros álbuns, em 1975, teve o nome de “Academia de Danças”. Depois, usado também para batizar o grupo que o acompanhou por alguns anos. Movido pela paixão por uma música aberta à invenção constante, a informal Academia Egberto Gismonti  tem  influenciado diversas gerações de músicos e compositores. É com muito orgulho que a Academia Líbano-Brasileiras de Letras, Artes e Ciências recebe em seus quadros Egberto Gismonti Amin.

artigo publicado originalmente no site AmaJazz 
fotos: Antonio Carlos Miguel/ Academia Líbano-Brasileira
Em 1979, durante a turnê brasileira que dividiu com o guitarrista inglês John McLaughlin
Com Naná Vasconcelos, no Rio_Monterey Jazz Festival, realizado em agosto de 1980, no Maracanazinho
Egberto Gismonti e Antonio Carlos Miguel
Cônsul do Líbano no Rio, Dr. Alejandro Bitar, ACM, Muna Omram, Egberto Gismonti, Kátia Chalita, Tim Rescala, David Chew e Cristina Ayoub Riche
é jornalista, especializado em música, membro da Academia Líbano-Brasileira, cadeira N° 09.

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