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Papa Francisco, o Papa do diálogo e da amorosidade

Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, o primeiro latino-americano e jesuíta eleito para liderar a Igreja Católica fez uma opção preferencial pelos pobres e mais vulnerabilizados, abraçando o lema da misericórdia,  hoje viveu a sua Páscoa, o seu encontro com Deus! 

Foi a figura da atualidade mais proeminente na Europa que atuou na defesa intransigente dos direitos humanos e da sustentabilidade do planeta, abraçou as causas da América Latina, da África, do Oriente Médio e da Ásia.

Nestes últimos tempos foi a maior liderança viva. Destemido, corajoso, comprometeu-se com a verdade, levantou a sua voz contra a violação de direitos onde quer que ocorresse, soube enfrentar com firmeza os negacionismos que ameaçam, na atualidade, com graves retrocessos a milhões de vítimas, em guerras, discriminações, deslocamentos, e as angustiam com ideologias desumanizadas.

Em mais de uma década de papado suas mensagens e propostas foram veiculadas por suas Encíclicas, Luz da Fé (Lumen Fidei), em 2013, Louvado Seja (Laudato Si), em 2015, Todos irmãos (Fratelli Tutti), em 2020, em que se referia e expandia a visão comunitária da Igreja de São Francisco de Assis, vencendo as barreiras espaciais e geopolíticas da construção da irmandade universal; e Amou-nos (Dilexit Nos), em 2014, em que abordava a dimensão religiosa do amor e da amizade.

Publicou o livro A Alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium), que trata do grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, do  individualismo exacerbado, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada, exortando a um compromisso apostólico mais conectado com a comunidade e o povo.

Se inspirou em São Francisco, o santo do amor fraterno, da simplicidade e da alegria, para escrever as encíclicas Laudato si’ e Fratelli Tutti, esta última dedicada à fraternidade e à amizade social. E ensinava: “São Francisco, que se sentia irmão do sol, do mar e do vento, sentia-se ainda mais unido aos que eram da sua própria carne. Semeou a paz por toda a parte e andou junto dos pobres, abandonados, doentes, descartados, dos últimos.”

Papa Francisco observa que as questões relacionadas com a fraternidade e a amizade social sempre estiveram entre as suas preocupações. Na encíclica Fratelli Tutti ele quis reunir muitas dessas intervenções, situando-as num contexto mais amplo de reflexão.   Salienta que na redação da Laudato si’ teve como fonte de inspiração o seu irmão Bartolomeu, o Patriarca ortodoxo que propunha com grande vigor o cuidado da criação, e na encíclica Fratelli Tutti sentiu-se especialmente estimulado pelo Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem se encontrou, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus |criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos|¹. Não se tratou, portanto, de mero ato diplomático, mas sim de uma reflexão feita dialogicamente para um compromisso conjunto.

Papa Francisco e o Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb juntos representam bilhões de fiéis em todo o mundo. Sua amizade pública e a parceria no Documento sobre a Fraternidade Humana servem como um modelo de colaboração entre divisões históricas, uma ponte que busca curar divisões e desperta nossa humanidade, independente de etnia, cultura e crenças.

Que possamos vivenciar as palavras do  Santo Padre lendo e colocando em prática os ensinamentos da Encíclica Fratelli Tutti, criando um impacto positivo na vida das pessoas, pois ele deseja que, neste tempo que nos cabe viver, reconheçamos a dignidade de cada pessoa humana, que possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade.

Entre todos: |Aqui está um ótimo segredo para sonhar e tornar a nossa vida uma bela aventura. Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente (…); precisamos de uma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! (…) Sozinho, corres o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se constroem os sonhos|.  Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos.

Papa Francisco deixa um legado de esperança e nos ensina, a partir de sua prática, as maneiras que podem ser capazes de mover o mundo na direção do diálogo, da compreensão, da amorosidade, da compaixão e da fraternidade.

Não podemos resignar-nos a viver em um mundo atormentado pelo caos, pela violência, pelo desamor e pelo ódio, quando um mundo de harmonia, paz e amor está ao nosso alcance.

Obrigada, Papa Francisco, por tudo e por tanto! Descanse em paz!

 

¹ FRANCISCO – AHMAD AL-TAYYEB, Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum (Abu Dhabi 4 de fevereiro de 2019): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 05/II/2019)
Foto: Vicenzo Pinto
é advogada, professora da UFRJ, Ex-presidenta do Instituto Latinoamericano del Ombudsman-Defensorías del Pueblo (ILO) e editora da Revista Libanus; membro Academia Líbano-Brasileira, cadeira N° 33.

3 Comments

  1. Excelente e necessaria publicacao.
    Papa Francisco,com humanidade e carinho, enfrentou todos os desafios impostos a Igreja de Pedro . Todos estes aspectos foram revisitados com precisão pela Professora Cristina Ayoub

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  2. Sensível e bonita homenagem. As encíclicas são verdadeiros tratados de humanidade. Obrigado pela reflexão!

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  3. Parabéns Cristina foi muito esclarecedor tudo o que você falou sobre o Papa Francisco uma verdadeira aula de sabedoria e que o mundo precisa saber e entender o que ele fez!Que o Papa Francisco descanse em paz ao lado de Deus!

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