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As cartas de amor entre Khalil Gibran e May Ziadeh: Nunca se viram, sempre se amaram

“O amor pode até ser platônico, mas a dor será sempre real.”

A história de amor entre Khalil Gibran e May Ziadeh é uma narrativa única, tecida com tinta e papel. Durante quase 20 anos, esses dois escritores árabes excepcionais mantiveram um vínculo profundo, apesar da distância física que os separava — Gibran morando em Nova York e May no Egito. Essa história de amor, embora não tenha sido vivida presencialmente, foi intensamente experimentada através de correspondências, literatura e uma conexão espiritual que transcendeu fronteiras e tempos.

May Ziadeh, nascida Marie Elias Ziade, filha de pai libanês e mãe palestina, é considerada a primeira feminista árabe e uma figura central na cena literária árabe do início do século 20. Ela se estabeleceu no Egito, onde se firmou como uma voz feminina vibrante em um mundo literário dominado por homens. Já Gibran Khalil Gibran, natural de Bechari, no Líbano, emigrou para os Estados Unidos para seguir seus estudos artísticos e sua carreira como poeta, filósofo e escritor de renome mundial.

O primeiro contato entre os dois ocorreu em 1912, quando May Ziadeh, tocada pela história de Selma Karameh, personagem do romance Asas Partidas de Gibran, escreveu-lhe uma carta. Embora ela tenha considerado o livro excessivamente liberal para os padrões da época, ela reconheceu e se apaixonou pela paixão de Gibran pelos direitos das mulheres. Esse gesto deu início a uma correspondência que evoluiu de uma amizade literária para um relacionamento profundo e emocional.

May, além de se tornar uma admiradora fervorosa dos escritos de Gibran, passou a divulgar suas obras pelo mundo árabe, consolidando sua própria reputação como crítica literária. À medida que o tempo passava, o deslumbramento entre os dois crescia, e o amor, inevitavelmente, floresceu. Em uma das cartas, Gibran escreveu: “A alma, May, não vê nada na vida, exceto o que está na própria alma.” Essa troca literária e emocional se aprofundou, e Gibran, confiante em May, passou a compartilhar com ela seus medos e emoções mais íntimos. Em uma das correspondências, ele revelou sua angústia sobre a morte, descrevendo-se como “um pequeno vulcão cuja abertura foi fechada.”

Antes de sua morte, Gibran expressou seu desejo de retornar ao Líbano: “Minha saudade da terra natal quase me destrói.” No início da década de 1930, com a morte de Gibran e de seus pais, May entrou em profunda depressão, sendo internada em um hospital psiquiátrico em Beirute.

As cartas entre Gibran e May não foram apenas uma troca de palavras, mas testemunharam um relacionamento solidário e profundo, que resistiu ao teste do tempo e da distância, perpetuando-se através dos oceanos. Mesmo após a morte de Gibran, seu espírito e sua conexão com May perduraram, transformando essas cartas em um legado de amor e companheirismo.

“Onde está você, minha amada? Você ouve meu choro de além do oceano? Você entende minha necessidade?” (trecho do poema “Chamada do amante” de Gibran)

Essas palavras imortais ecoam a intensidade de um amor que, embora separado pela distância física, nunca foi ofuscado, permanecendo uma história de amor eterna, onde o coração e a alma transcendem as fronteiras do tempo e do espaço.

© Revista Libanus
fotos: pinterest
 
Equipe da Revista e do Blog

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