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Bigodes: Histórias, virilidade e uma imponente frase dos emigrantes libaneses

Os bigodes (Chouereb – شوارب) sempre exerceram grande importância em diversas culturas árabes, especialmente no Egito, Síria, Iraque, Jordânia e Líbano. Em muitas dessas regiões, raspar o bigode era considerado vergonhoso, uma prática que destoava dos padrões de masculinidade e respeito.

A história dos bigodes remonta a cerca de 300 a.C., quando o primeiro registro conhecido de um homem com bigodes foi encontrado na região da Eurásia. Ao longo dos séculos, o estilo dos bigodes passou por inúmeras transformações. Na era moderna, passaram a ser vistos no mundo árabe como um símbolo de status social, elegância, força, coragem, riqueza e poder. Já no Ocidente, sua conotação evoluiu, passando de um símbolo de autoridade para um emblema de rebeldia e individualismo.

Curiosamente, não há registros de que os bigodes tivessem um significado especial para os árabes antes da era otomana. Na poesia da época pré-islâmica, por exemplo, não há menção aos bigodes como símbolo de masculinidade ou coragem. Os valores relacionados à virilidade eram mais associados à posse de cavalos, espadas, linhagem nobre e etnia.

Foi sob o domínio otomano que o fascínio dos árabes pelos bigodes começou a se intensificar. Os turcos, conhecidos por ostentar bigodes imponentes, costumavam dobrar as pontas para cima, um estilo que refletia a influência do visual do Imperador alemão, Guilherme II. Esse hábito inspirou os designers da época a criarem a bigodeira, um dispositivo colocado na borda de xícaras de chá ou café para proteger os respeitosos bigodes.

Nos últimos anos, os bigodes perderam parcialmente o valor simbólico de honestidade que possuíam antigamente, quando juramentos de fé eram feitos com a expressão  (وحياة شواربي) “weheiet chouerbi“, que se traduz como “juro pelos meus bigodes”. No entanto, os bigodes e as barbas continuam a ser um forte elemento de estilo, especialmente na moda masculina, não só no mundo árabe, mas em diversas outras regiões, impulsionados pela popularidade das novelas turcas, que têm grande audiência na região.

Quem das gerações de origem libanesa nunca ouviu, em tom de brincadeira ou censura, a frase “Khara Bi Chuerbak”? Era um insulto tradicional que colocava em dúvida a confiabilidade do interlocutor, significando literalmente “cocô nos seus bigodes”. Essa expressão se tornou um ícone cultural para os descendentes de libaneses no Brasil, sendo um resquício das velhas tradições familiares.

Eram tempos de infância, quando o surgimento dos bigodes simbolizava a chegada da puberdade, das aventuras e das pretensões.

© Revista Libanus

foto: Pinterest / andre kalfayan (pintura) arquivo libanês do México/ camille el kareh self portrait- zghorta AIF

 

Equipe da Revista e do Blog

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