Lançada em 6 de outubro de 1977, Salma Ya Salama (سالمة يا سلامة), interpretada por Dalida, é um marco na música mundial. A canção, de fusão de estilos, consolidou Dalida como uma das artistas mais influentes da época, combinando ritmos e melodias de diversas culturas em uma única obra. Com sua interpretação única, a cantora egípcio-francesa, Iolanda Cristina Gigliotti — mais conhecida como Dalida — levou a música árabe a públicos de diferentes continentes, atravessando barreiras culturais e geográficas.
Dalida nasceu em 1933, em uma família de imigrantes italianos no Egito. Desde jovem, ela sonhava em se tornar uma estrela do cinema. Aos 21 anos, foi coroada Miss Egito, o que abriu as portas para seu ingresso no cinema egípcio. Inicialmente creditada como Yolanda (em árabe: يولاندا) e depois como Dalila (دليله), ela deu os primeiros passos em sua carreira artística. Pouco tempo depois, Dalida mudou-se para a França, onde iniciou sua carreira musical, conquistando sucesso não apenas na Europa, mas também no Oriente Médio. Superando desafios desde a infância, como problemas de saúde e estrabismo, ela se tornou uma das artistas mais icônicas da década de 1970 no Oriente Médio, além de ser amplamente amada na França, país que adotou como sua segunda casa.
A música Salma Ya Salama, composta por Sayed Darwish, Jeff Barnel, Pierre Delanoë e Salah Jahin, se tornou um dos primeiros exemplos de fusão étnica na música popular. Gravada em cinco idiomas — árabe egípcio, francês, alemão, italiano e espanhol — a canção foi interpretada por diversos artistas, como Haifa Wehbe, Alabina, Chantal Chamandy e Jean Michel Jarre, ampliando seu impacto global. Esse sucesso não só consolidou Dalida como uma estrela internacional, mas também introduziu o conceito de fusão cultural no cenário musical mundial, influenciando gerações de músicos.
Dalida sempre teve uma relação profunda com o Líbano, país que ela considerava sua segunda pátria. Frequentava regularmente Beirute e, durante a guerra civil libanesa nos anos 70, continuou sendo uma presença constante no cenário artístico da cidade. Seu vínculo com o Líbano foi evidenciado em apresentações marcantes, como a de 1975 no emblemático Teatro Piccadilly, no bairro de Hamra, onde foi prestigiada pela cantora libanesa Fairuz, com quem compartilhava uma admiração mútua. Em 1979, Dalida assistiu a um show histórico de Fairuz no Olympia, em Paris, fortalecendo ainda mais essa amizade artística.
Em 1985, na sua última apresentação em Beirute, Dalida trouxe uma produção grandiosa, incluindo cenários e 50 músicos, transportados por avião cargueiro da França. No ano seguinte, ela gravou Lebnan (em árabe), uma emocionante homenagem ao Líbano, que só seria lançada em 1988, um ano após sua morte.
Embora tenha enfrentado grandes dificuldades pessoais e profissionais, Dalida também conquistou imensos sucessos na França. Em 2001, foi votada como a segunda cantora mais importante do século XX, atrás apenas de Edith Piaf. Seu icônico dueto com o ator Alain Delon, em Parole, Parole, é mais um exemplo de seu legado artístico duradouro.
A vida de Dalida, marcada por imensos sucessos, também foi marcada por grandes sofrimentos. Com problemas de saúde desde a infância e uma constante luta contra a depressão, sua trajetória culminou tragicamente com seu suicídio em 1987. Sua última mensagem, a célebre frase “Perdoe-me, a vida é insuportável para mim”, reverbera até hoje como um símbolo da intensidade emocional que carregou ao longo de sua carreira.
O impacto de Dalida na cultura musical global é inegável, e sua contribuição à música de fusão continua sendo celebrada. Em 2010, o Líbano a homenageou com a inauguração de um memorial na reserva natural dos Cedros de Tannourine, eternizando sua relação com o país e seu legado musical.
Ouça abaixo Salma Ya Salama na versão fusion árabe-espanhol e mergulhe neste clássico que atravessou fronteiras culturais e ainda ressoa em diversas partes do mundo.
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