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“Asfourieh”: A História e a Herança do Primeiro Hospital Psiquiátrico do Líbano

No Líbano, dois ditados populares refletem a visão cultural sobre a insanidade e os cuidados com a saúde mental: “Aprenda a sabedoria da boca dos loucos” e “Quantos sensatos moram no sanatório; quantos loucos cantam fora de seus muros”. Esses ditados oferecem um pano de fundo para entender a origem do nome “Asfourieh” e sua conexão com o primeiro sanatório de doentes mentais do país.

A palavra “Asfourieh” vem de asfur, que significa pássaro em árabe, e muitos acreditam que ela está relacionada a bandos de aves que cantam à noite. No entanto, o nome tem origem em uma localidade perto de Hazmieh, em Beirute, uma área cercada por árvores e com grande presença de pássaros.

A história de “Asfourieh

Em 1890, com a permissão do Império Otomano, missionários americanos de Beirute adquiriram a propriedade de “Asfourieh” nos subúrbios de Beirute. Ali, construíram 14 imóveis, nomeados após os doadores, com o propósito de criar um refúgio para pessoas com distúrbios psicológicos.

Em 1898, o Dr. Theophilus Waldmeir, um missionário suíço quaker, fundou o Hospital do Líbano para os Alienados em “Asfourieh”, com o objetivo de atender pacientes do Líbano, Síria e região. Este hospital logo se tornou o maior complexo de saúde mental do Oriente Médio.

Em 1912, a propriedade foi transformada em Wakf (fundação religiosa), conforme as leis libanesas. Além de cuidados clínicos, o hospital contribuiu para o avanço da psiquiatria, tornando-se em 1922 afiliado à Universidade Americana de Beirute e, em 1948, fundando a primeira Escola de Enfermagem Psiquiátrica do Oriente Médio, que mais tarde serviria à Organização Mundial de Saúde na formação de profissionais especializados.

Entretanto, no período pós-guerra, o hospital enfrentou dificuldades financeiras. Após a escolha de um novo local em Aramoun, perto de Beirute, e a venda da propriedade original em 1973, a construção do novo hospital foi interrompida pela inflação e pela crise política, culminando no fechamento de “Asfourieh” em 10 de abril de 1982.

Asfourieh ” nas artes

O legado de “Asfourieh” também se reflete na cultura libanesa. Em 1957, a icônica artista libanesa Sabah interpretou a música “Al-Asfourieh”, escrita por Abdul Jalil Wehbe e Philemon Wehbe. A canção retrata o amor que leva a personagem ao sanatório, simbolizando a loucura, e tornou-se um clássico. (Ouçam abaixo a canção da diva Sabah)

Em 18 de novembro de 2017, a artista visual libanesa Chaghig Arzoumanian lançou o livro ilustrado “On Fools and Lands”. Sobre Loucos e Terras (Tr. Livre), baseado em fotografias e narrativas que exploram a história de “Asfourieh”, apresentado nas bibliotecas de Beirute. O livro examina a história de “Asfourieh”, o primeiro asilo para doentes mentais do Oriente Médio, fundado em 1898 próximo a Beirute. Ao combinar as fotografias que a artista tirou na propriedade de “Asfourieh” e os relatórios anuais do hospital, a artista busca revelar vestígios e refletir sobre o curso da história libanesa no que diz respeito à consciência coletiva, ao modernismo e ao capitalismo.

Assim, “Asfourieh” não é apenas um marco na história da saúde mental no Líbano, mas também um reflexo das emoções e desafios humanos. Entre suas paredes, onde o silêncio dos pássaros ainda ressoa, há uma história de amor, dor e superação. O legado do hospital permanece, não apenas nos arquivos, mas também nos corações daqueles que, de alguma forma, encontraram ali um refúgio para a alma.

© Revista Libanus

fotos: Pinterest / almashriq/ stills filme “O iluminado” , de Stanley Kubrick/ qadiman/ lap/ lap – Dr. Theophilus Waldmeir (1832-1915)/ggn
Equipe da Revista e do Blog

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