Suplemento Especial
ANO 2 / EDIÇÃO SUPLEMENTO ESPECIAL Nº 2/ ABRIL 2024 –
ISSN 2965-4181
Em março deste ano, a Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências (ALB), por meio do seu presidente, recebeu com profunda preocupação a notícia sobre um possível fechamento do Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro. A intenção do governo libanês, rapidamente, gerou indignação entre outros membros da nossa comunidade no estado, e no Brasil, acendendo uma luz de emergência sobre como o nosso Consulado, mas, sobretudo, nossa memória, pode se ver, de repente, fragilizada.
Foi a partir das reflexões provocadas por esse episódio tão inesperado que o Comitê Editorial da Revista Libanus compreendeu ser absolutamente urgente e necessário publicar o seu Suplemento n°2, neste mês de abril, com a temática Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro: onde a imigração no Brasil começou, com o intuito de fazer um registro histórico e um resgate da memória do referido Consulado no desenvolvimento de suas tão relevantes atividades.
Editorial
Em março deste ano, a Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências (ALB), por meio do seu presidente, recebeu com profunda preocupação a notícia sobre um possível fechamento do Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro. A intenção do governo libanês, rapidamente, gerou indignação entre outros membros da nossa comunidade no estado, e no Brasil, acendendo uma luz de emergência sobre como o nosso Consulado, mas, sobretudo, nossa memória, pode se ver, de repente, fragilizada.
No final do mês, o Ministério das Relações Exteriores do Líbano respondeu positivamente ao pedido da Confederação Nacional das Entidades Líbano-Brasileiras (Confelibra) e ao apelo da comunidade libanesa no Rio de Janeiro e do Brasil, e cancelou a decisão de encerrar as atividades do Consulado.
Como afirma o Dr. Alejandro Bitar, Cônsul Geral do Líbano, o Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro é uma instituição que preserva relações nacionais e humanitárias e “está aberto a todos os cidadãos libaneses ou de origem libanesa a trabalhar em conjunto para melhorar as relações Líbano-brasileiras, e de uma comunidade libanesa mais coesa e próspera”.
E aí está o cerne da sua existência: sua atuação não é burocrática. Estamos falando de uma instituição que promove e preserva nossa cultura, nossa produção intelectual, nossa ciência e nossa arte. E, singular, por se tratar de um consulado que integra toda essa profusão humana à vida igualmente singular do Rio de Janeiro, uma capital do mundo.
Foi a partir das reflexões provocadas por esse episódio tão inesperado que o Comitê Editorial da Revista Libanus compreendeu ser absolutamente urgente e necessário publicar o seu Suplemento n°2, neste mês de abril, com a temática Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro: onde a imigração no Brasil começou, com o intuito de fazer um registro histórico e um resgate da memória do referido Consulado no desenvolvimento de suas tão relevantes atividades.
Desde que os grupos nômades começaram a se organizar em sociedade, manter a memória viva tem sido considerado um ato cultural, isto é, um meio para manter vivas as histórias dos antepassados nas lembranças das próximas gerações.
É a memória o principal mecanismo para fixar as tradições que valoriza a dimensão subjetiva da mente como fonte de conhecimento sobre o passado. Memória, uma palavra essencial para a ALB, pois, em geral, revisitar o passado é a única maneira de mover-se para frente.
Todos sabemos que ser um estrangeiro em uma nova terra e ter que enfrentar o desconhecido é uma situação difícil, desafiadora e bastante complexa, situação que pode ser marcada por nostalgia e aculturação, por estranhamento e curiosidade, por preconceito e acolhimento, por medo e coragem, e somente uma única certeza:
a de que a vida nunca mais será a mesma. Por isso mesmo, contar com um Consulado que atue com empatia, como um dever institucional, faz a diferença na vida singular de cada imigrante e ao mesmo tempo de toda comunidade.
Na oportunidade, vale lembrar que, em seu livro A imigração ou os paradoxos da alteridade, Abdelmalek Sayad (1933-1998) ensina que a imigração é um “fato social total”. Esta é uma das frases mais referidas do arcabouço conceitual do sociólogo argelino, inspirado em Marcel Mauss (1872-1950). Para Sayad falar de imigração é falar da sociedade como um todo, falar dela em sua dimensão diacrônica, ou seja, numa perspectiva histórica (…) e também em sua extensão sincrônica, ou seja, do ponto de vista das estruturas presentes da sociedade e de seu funcionamento. Instiga-nos a considerar o fenômeno migratório em sua totalidade: ele toca e transforma todas as esferas das sociedades, seja a de emigração, seja a de imigração.
Portanto, para marcar o protagonismo histórico do Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro, neste Suplemento nº 2, a Revista Libanus ouve a palavra de várias vozes que nos brindam com importantes aportes: Carta à Comunidade Libanesa no Brasil, do Dr. Roger Hanna Bassil, presidente da Confelibra; Dr. Samir Barghouti, membro da Academia Líbano-Brasileira, presidente da Câmara de Comércio Líbano-Brasileira do Rio Grande do Sul e subeditor da Revista Libanus discorre sobre a relevante trajetória do cônsul geral do Líbano no Rio de Janeiro, Alejandro Bitar; e a Redação da Revista nos apresenta a instigante crônica intitulada Imigração libanesa.
Em seguida, Notas históricas e linha do tempo sobre o estabelecimento, em 1946, das relações diplomáticas entre o Líbano e o Brasil, com a abertura de uma representação diplomática com status de Comissariado, no Rio de Janeiro, naquela ocasião, capital do Brasil, e sobre a elevação, em 1956, da representação diplomática à condição de Embaixada.
Contamos, ainda, com um relato detalhado sobre o Setor de Registro Civil do Consulado e com um extenso portfólio com os registros dos principais eventos e projetos, no período de 2018 a 2024, coordenados e propostos pelo Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro.
A Revista Libanus, reunindo passado, presente e futuro, presta tributo ao Dr. Alejandro Bitar e a toda equipe do referido Consulado, que tem abraçado e acolhido, com muita sabedoria e dignidade, um Brasil libanês e um Líbano brasileiro.
Uma boa leitura!
Profa. Dra. Cristina Ayoub Riche
Editora da Revista Libanus